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terça-feira, 7 de junho de 2011

Veja quem são os seus amigos

Quando se escolhe seguir uma banda, deve-se estar preparado para a reprovação.
A primeira coisa que as pessoas te falam é que é uma "perda de tempo", "gasto desnecessário de dinheiro" e que "você não tem mais idade pra isso".
É claro que se usa muito tempo. Precisa sim, de dinheiro (mas nem tanto). Agora expliquem, em que idade se sai com os amigos no show da banda que você gosta? Qual a soma de aniversários certa para viajar e conhecer lugares lindos e curiosos? Com quantos anos se pode deixar levar por uma dança de braços abertos? Quando se pode sonhar...?

As cidades deste post, me marcaram muito e nos fizeram percorrer longos e diferentes caminhos. Não falo só da distância física, que é grande uma da outra, mas de descobertas sobre mim mesma. Coisas que não vou escrever aqui, mas que estão tatuadas, não só na minha pele, mas em meus passos e minhas atitudes.

Nos shows na Praia do Cassino/RS e Bagé/RS recebemos uma fã de Minas Gerais. Ela viu nos pampas gaúchos pela primeira vez uma OVELHA. Verdade! Foi muito divertido.
Em Marau/RS a onda é sempre outra. Foi, há muito tempo, nossa primeira "grande viagem", o local mais longe que nos aventuramos na época. Então, sempre que rumamos para lá, voltam as recordações daquele dia e vivemos novas peripécias. O pessoal do Hotel Confort que diga rsrsrs.

Por essas e tantas, agradeço a Carlão, Thedy, Veco, Sady e João Vicenti. Simplesmente por existirem e terem escolhido formar a banda que me move por aí.

Eu gosto de migrar com meus amigos para qualquer lugar. Mas quando estamos indo aos shows do Nenhum as atividades, as conversas e a energia são outras. Se pensa em coisas boas. Se fala de música e ela nos tráz a carga positiva que muitas vezes precisamos para nos reinventar. E nos reinventamos. E reinventamos o mundo.

Uma das curvas que vou guardar no mapa do coração foi um momento de silêncio do carro. Onde podia-se ver apenas verde e o céu azul do nosso retorno. Tocava de súbito no rádio uma música que falava no Dom Quixote e seu fiel escudeiro Sancho Pança. Bastou um, não mais que um olhar para nos entendermos. Nos abraçarmos com os olhos enquanto estes se enxeram d´água...

Entendo que eventualmente precisamos ficar sozinhos. Ás vezes, quando passamos por uma casinha pequena de beira de estrada. Humilde, ao lado de uma plantação de bananas, laranjas ou qualquer coisa. Tenho desejo de descer do carro. Deixar a mochila, o passado, tudo para trás. Dá vontade de sentar perto de um açude e ficar alí muito tempo, até que todas as perguntas ganhem suas respostas. Imagino que das janelas tão pequenas dessas casas simples e coloridas, o dia pode nascer sempre com sol. Sem chuva fria... sem neblina... Silêncios são necessários.
Mas se você tem uma vida, mesmo que muito boa, mas não há com quem dividí-la, tudo perde o sentido. Não consigo supor que alguém seja feliz sem conviver com pessoas que tem afinidade e até mesmo quando não se parecem. Não se sabe exatamente porque as pessoas ficam amigas. O mistério também faz parte do encanto.
Amigos também brigam, sabia? E nós sabemos ainda melhor... Alguns trechos nessas estradas pesaram. Alguns pneus furaram. Mas a gente consertou. Pessoas também se remendam.
Os amigos também servem para horas de desabafo...

Penso: o que seria de mim sem um abraço numa canção que me emociona ou na frente do portão quando retornamos pra casa?

Meu mapa está bem velho e amassado, mas quando olho para ele, não vejo placas ou rodovias, enxergo boas risadas, erros, acertos, a história de nossas vidas em tantas esquinas. Aventuras que não se repetirão e que se eternizam em algumas fotos pra lembrar...