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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

o amor virá quando tudo isso passar...

Partindo para Santa Catarina num sábado de muita chuva. Nos jornais, notícias das enchentes. Talvez os shows sejam adiados.
Minha mãe liga no meio da tarde e pede para que eu cancele a viagem, pois a chuva está aumentando. Pensei e, como eu esperava, fechei a mochila e botei o pé na estrada!
Segui acompanhando a previsão do tempo pelo twitter, cada vez mais chovia. Os amigos de SC estavam preocupados e em dúvida se deveriam arriscar. Nós, saídos do RS, também. Existiam vários motivos para não ir: rodovia interditada, acidentes pelo caminho, perigos. Mas a chance de nos encontrarmos mais uma vez; de simplesmente estarmos próximos; foi o que nos fez, cada um com seu recurso, encarar a tempestade e seguir para os dois shows que conteceriam (ou não) em Itapema e na Praia Brava.
Aos poucos, fomos nos encontrando pelas rodoviárias. E a viagem seguia estranha para todos. Caia o mundo e mesmo assim, insistíamos em "chegar lá".

Pela janela do ônibus, vi cenas que marcaram, como casas destelhadas e ruas transbordando lama e água suja para dentro de pátios humildes das pequenas cidades cortadas pela BR-101. Na hora pensei que, mesmo se não acontecessem os shows, algo valeria a pena. Presenciar os estragos deste temporal me trouxe mais que espanto. Encheu-me de humanidade, resignação diante da mãe-natureza e um enorme respeito à vida.

Em Florianópolis a chuva não dava trégua. Passamos para um resgate de fã em São José. E, agora sim, faltava pouco para chegar ao primeiro show do final de semana. Muita expectativa.
Qual não é nossa felicidade ao perceber que nos seguiam agora, apenas chuviscos. Sim, o céu finalmente estava parando de arremessar seus baldes d'água!
A apresentação foi ao ar livre e a banda tocou lindamente para uma platéia entusiasmada. Quase no final do espetáculo, o céu, certamente emocionado pelas canções, começou a chorar outra vez. Mas ninguém reclamou. A chuva não incomodava mais. Estava mesmo era lavando nossas almas...

No domingo o dia estava mais bonito. Tinha sol e a praia estava lotada. O show na Praia Brava tinha uma vista perfeita para o mar que se abria em largos sorrisos. Inevitável emoção ao ouvir Segundo Sol. Sinceramente, acho que levitei enquanto cantava.
Ao final, as meninas do Fã-Clube foram tirar foto na beira do mar. Não resisti e me joguei naquela água morna. Um banho maravilhoso. Do tipo... "livre", sabem?! Algumas braçadas e meu espírito estava recontruído.

Na volta, uma aventura aguardava para nos ensinar um pouco mais.
Tivemos problemas com os carros num longo engarrafamento na ladeira mais íngrime de nossas vidas. E foi um teste, não de esperteza, mas de CONFIANÇA. Duas pessoas dirigiam, mas todos juntos salvaram os carros, as pessoas e vencemos velhos medos. Juntos. Sempre JUNTOS!

Não foi apenas um monte de terra que desmoronou com a enchurrada no meio do asfalto. Derrubamos outras barreiras invisíveis. Terra escura que não víamos e aprendemos a ver; sentimentos novos que invadiram nossos corações. Destinos que cruzaram-se e transformaram-se em algo muito maior. Seguindo o Nenhum de Nós nos conhecemos e ficamos amigos. Crescemos ali. Entre fotos, autógrafos e notas que os instrumentos da banda executavam. E hoje em dia, estamos sempre juntos. Mesmo sem estar num show, mesmo sem estar perto...